terça-feira, 19 de setembro de 2017

Sobre a "cura gay"




Sou Psicólogo e não consigo enxergar uma orientação sexual como Doença. Orientação Sexual é como uma bússola interna que todos temos e nos direciona para onde buscar nossa realização como pessoas que sentem prazer.
O ser humano nasce e se insere em um contexto familiar que é parte de um a sociedade, que partilha de uma cultura e conceitos religiosos específicos, regras jurídicas, etc. Esses conceitos vão sendo impressos na consciência da pessoa, moldando  a subjetividade, guiando condutas. Mas, por mais que se marque a ferro em brasa determinados conceitos e regras, o sujeito é único, e deseja. A subjetividade é marcada por uma capacidade de formar indivíduos únicos.
O conjunto de experiências vividas e a forma que elas são sentidas e percebidas pelo aparelho senso perceptivo, 5 sentidos, vão determinar a forma como o corpo e a mente reage a determinados estímulos, sejam eles cores, sabores, texturas, estéticas, corpos.
Somos complexos: parte bichos  instituais (cérebro basal), seres emocionais (sistema Límbico) e racionais (neocortex). Nosso cérebro tem que lidar com tudo isso, organizando informações, tentando manter a sobrevivência, na luta ou na fuga, sejam elas reais ou simbólicas, mas, principalmente, buscando felicidade  e evitando a dor.( vide Freud e seus conceitos de principio do prazer e principio da realidade).
Adoecer, para o psicólogo, é entrar em sofrimento. Sofre quem está em desacordo com o que dentro de uma gama de possibilidades não consegue se realizar plenamente dentro de suas potencialidades.
A homossexualidade em si nunca será doença, doente é o contexto que não aceita a expressão de amor, de carinho, de gozo.
O sofrimento do homossexual não é dele, é imposto pela tirania dos outros que são incapazes subjetivos, incapazes simbólicos, incapazes emocionais, e principalmente totalmente incapazes de ter empatia o suficiente de entender formas diferentes de amar.
Precisamos da cura de caráter, da cura para falta de amor, falta de empatia, falta de respeito à diversidade, esta que é a marca de todo ser vivo dito “superior”.
Sou Psicólogo e não aceito o conceito de “cura gay”. Não concebo a ideia de curar felicidade. Curar amor. Curar afeto, parceria, companheirismo. Não admito em meu consultório pessoas felizes. Meu papel no mundo é promover mais aceitação, mais coerência, mais felicidade e paz. E, nesse contexto, rechaço qualquer tipo de proposta de encarceramento das vivências mais puras de desejo, amor e felicidade.
 Se for pra propor uma nova “CURA FANTASTICA”  quero fazer uma terapia de grupo com a sociedade, esta sim, doente, maculada, ensandecida, surtada! Proponho terapia de grupo para a sociedade que veta a possibilidade do outro ser feliz por ser apenas quem é. Que veta ao outro a sua auto realização apenas porque acha o diferente inaceitável.
Sou psicólogo e não aceito a “cura gay”. E não aceito exatamente por este motivo: SOU PSICÓLOGO!!!!!

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