"Uri, escreve no blog sobre pessoas que tem dificuldade de se
relacionar por nunca acharem que estão a altura das outras pessoas.”
Para responder
essa pergunta a gente primeiro tem que saber o que é estar a altura? A altura
de quê ou de quem?de onde vem essa padronização de estar ou não a altura?
Em nosso
processo de socialização e de entrada no mundo vamos recebendo informações de
nossos cuidadores (primeiro no núcleo familiar, depois na comunidade locas, escola, TV etc.). Essas
informações não são puramente objetivas elas contem um conteúdo valorativo que
norteiará a nossa forma de ver o mundo. Por outro lado, a cada ação que
implementamos no mundo recebemos desses cuidadores um afago, uma carinho e um
reconhecimento positivo se a coisa estiver dentro dos padrões esperados ou pelo
contrario somos repreendidos, desconsiderados e rejeitados o que nos faz
diminuir ou mesmo extinguir determinados tipos de comportamentos. Esses primeiros
momentos deixam marcas para toda a vida. É a matriz relacional que vai nós
guiar nas interações com os outros.
Ora, os
cuidadores estão imersos em uma cultura e eu também, logo, todos os padrões de
beleza, ética, comportamento, pensamento, estética e tudo mais são determinados
por essa mesma cultura. Mas ela (Dona Cultura) é muito tirânica. Ou é como ela
quer ou não presta e daí vai se construindo um senso de identidade consistente
que pode ser positiva, se eu me encontro dentro dos padrões ou se eu consigo
exercer de algum modo um contra-controle. Ou negativa se eu não me enquadro nos
padrões e não consigo escapar dos ditames.
Quando vamos
crescendo, isso que foi antes imposto, depois de se sedimentar em nossas mentes,
soa como se fosse nosso. É um senso de personalidade, de entendimento sobre o
si-mesmo. E nesse momento eu parto para o mundo esperando ser bem acolhido ou
não. A dificuldade de se relacionar por se achar menos vem daí. Eu sou menos,
eu não tenho valor, eu não sou bonito etc porque o grupo ditou regras nas quais
eu não consigo me incluir. Seja por uma desvalia monetária, de classe social,
de comportamento de subgrupo ou mesmo de DNA, isso mesmo, sentimento de ser menos por ser
negro, por ser ruivo, por ter sardas, por ter determinado tipo de cabelo ou
forma corporal menos valorizada.
Constantemente
somos bombardeados pelo ideal de eu capitalista ocidental. O bem sucedido na
carreira, nos esportes, intelectualmente interessante, bonito, corpo sarado, dentro
dos estereótipos de gênero (os machos alpha e as reprodutoras perfeitas). Se eu
não vou conseguindo me encaixar nessas categorias eu vou me colocando a margem,
saindo para longe dos holofotes da existência e sub-existindo dentro da
sociedade.
Sonhos, teremos
sempre, de ser mais forte, de ter uma pele melhor, de ter amigos interessantes,
de fazer parte de um grupo seleto que é desejado, de ter sermos lindos e ricos.
Sonhos, teremos sempre, mas no mais das vezes fica por isso mesmo. No sonho. E
o pior,o senso de ser menos é tão grande, que se passa a não mais acreditar nas
exceções a regra. Mesmo que surjam oportunidades de se alcançar o objetivo
sonhado se pensa: não está certo, eu não mereço isso. É demais para mim, não
posso nem acreditar. Tem alguma coisa errada, esmola demais o santo desconfia.
Vai dar tudo errado, não sei pra que arriscar, quando ela(e) descobrir como eu
sou não vai nem mais olhar em minha cara.
Nesse ponto, as
crenças pessoais de desamor, desvalor e desamparo dominam o homem de uma forma
que ele cria sua própria tragédia. Cria não, repete a tragédia que lhe foi
contada um dia...
O que fazer com
isso? Se entregar... sim, se entregar a sis mesmo. Reconhecer que no fim a vida terminamos no mesmo lugar: num
leito de morte. Que se a grama do vizinho parece ser mais verde será que ela
não é artificial? De perto todos temos problemas e frustrações, medos,
tristezas e dissabores. Os véus da ilusão devem ser dissipados, e o individuo
deve saber reconhecer o seu papel no mundo e as suas capacidades. Não somos
todos diferentes por acidente natural não. Somos todos diferentes, pois temos
habilidades especiais que em conjunto dão a espécie humana a capacidade de
continuar se desenvolvendo e existindo.
O que fazer com
isso? Buscar melhorar como pessoa, buscar os verdadeiros prazeres e as
verdadeiras satisfações e não o que foi imposto.
O que fazer? Se
olhar no espelho e se amar, se cuidar e ter certeza que ali adiante, quando
existir amor próprio, conseguiremos com certeza o amor do outro!!
Boa semana a
todos!
Texto perfeito, adorei!
ResponderExcluirTexto perfeito, adorei!
ResponderExcluirRetrata muito bem uma realidade atual. Infelizmente, existem ainda muitas pessoas que pensam e agem dessa forma e assim só se prejudicam. Esse texto nos revela como é possivel virarmos esse jogo e sermos felizes! Parabéns Uri!
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